Scott Pilgrim Contra o Mundo (Scott Pilgrim vs. The World) é uma EXPERIÊNCIA!
Não vejo forma melhor de descrever este filme, ao qual tive o prazer de assistir no Festival do Rio, numa sessão de meia-noite dessa segunda-feira (dia 4), no Estação Botafogo. O entusiasmo transbordava no lugar. Era visível a expectativa dos fãs, que desde o lançamento do primeiro trailer não viam a hora de prestigiar essa produção tão injustiçada no cinema. Fruto de uma campanha publicitária péssima nos EUA, o longa foi lançado lá no mesmo fim de semana de Os Mercenários e Comer, Rezar e Amar — moral da história: bilheteria ínfima e fracasso total. Como resultado, sua estreia no Brasil foi adiada vários vezes até enfim ser marcada para 29 de outubro, tendo esse pré-lançamento no Festival do Rio como termômetro para medir a recepção do público. Todavia, mesmo com as mudanças súbitas nos horários programados para exibição, os ingressos de Scott Pilgrim foram os mais procurados do Festival e os que mais rapidamente esgotaram nas bilheterias.
A primeira sessão mostrou porque o filme merece atenção. O público preencheu o Estação Botafogo, adornado pelas camisas com estampas de quadrinhos e por algumas meninas fantasiadas de Ramona Flowers que animavam a atmosfera. Se os distribuidores queriam medir alguma coisa, devem ter explodido com a temperatura nerd do lugar. Só mesmo muita expectativa para ESGOTAR A LOTAÇÃO de uma sala de cinema numa segunda-feira à meia-noite. Uma expectativa que foi avassaladoramente superada, com direito à HIT-COMBO.
Scott Pilgrim Contra o Mundo é simplesmente ÉPICO!
Scott Pilgrim é o personagem de uma HQ de seis volumes criada por Bryan Lee O’Malley. Na história, o nosso protagonista é um jovem canadense de 22 anos, preguiçoso, sem-noção e carente que leva uma vida medíocre em Toronto, no Canadá, onde é baixista da banda de garagem Sex Bob-OMB. O problema é que, no passado, Scott levou um pé na bunda de uma antiga namorada e nunca conseguiu superá-la e, como consequência, tornou-se uma pessoa que pula de um relacionamento para o outro sem se preocupar com os sentimentos das meninas magoadas nesse processo. Sua vida é levada como um jogo de videogame, cujas fases precisam ser superadas a fim de conquistar o objetivo final, que surge sob a forma de uma garota bela, porém volátil, chamada Ramona Flowers. Porém, como num bom game, para conquistar a mocinha, o herói precisa derrotar os “chefes de fase”, representados pelos sete “Ex-Namorados do Mal” de Ramona, que formaram um liga para acabar com o mais novo pretendente.
A narrativa é toda movida por essa premissa e toda trabalhada sob essa estética de videogame e mangá, para delírio dos fãs. A sessão era um festival de aplausos e gargalhadas promovido pelas referências da cultura pop que saltavam aos olhos a cada sequência, desde as alusões à Nintendo (principalmente Super Mario Bros.) até as gags com homossexuais, passando inclusive por ícones televisivos como Seinfeld. Impossível não se divertir com a impagável cena do Ex-Namorado do Mal Vegan — “Todd is Vegan” (Darth Vader…rs?!) — e a aparição dos engraçadíssimos policiais vegans (com as participações especiais de Thomas Jane e Clifton Collins Jr.). O próprio nome Scott Pilgrim foi inspirado numa música da banda de indie rock Plumtree.
Toda essa metalinguagem, no entanto, é apenas uma parte da metáfora do relacionamento moderno que compõe a vida deste jovem que luta desesperadamente pela mulher da sua vida. Aliás, luta é exatamente o que define os rumos dessa história — a luta contra os Ex-Namorados do Mal. As sequências de combate entre Pilgrim e seus algozes são de tirar o fôlego e coreografadas com um esmero raro até mesmo em filmes de artes marciais. Não obstante, ainda somos extasiados por uma overdose visual de super-poderes no melhor estilo Street Fighter e Mortal Kombat, com direito a ataques especiais, combos e “fatalities”. Porém, nada supera o prazer de ver um vilão ser transformado em moedinhas e pontos de XP cada vez que é derrotado… é de chorar de rir!
Edgar Wright, diretor dos fantásticos Todo Mundo Quase Morto e Chumbo Grosso, mostra mais uma vez toda sua competência e criatividade. A edição frenética e a trilha sonora agitada mantêm o ritmo das cenas durante todo o filme. Não há um só momento em que o roteiro sofra uma queda de qualidade ou cause uma mínima sensação de desinteresse ou tédio. Scott Pilgrim prende atenção do começo ao fim, com uma velocidade que não permite nem mesmo uma piscada de olhos demorada. Os trailers foram os meus elementos motivadores para ficar tão empolgado e ansioso pela adaptação, mas os trailers não passavam nem 1/4 do que se vê na tela… não preparava o espírito para o espetáculo que estava por vir.
Além disso, somos agraciados com um elenco de primeira. Michael Cera, conhecido por suas atuações em Superbad e Juno, cai como uma luva no personagem e se sai bem nas insanas sequências de luta. Kieran Culkin demonstra toda a aptidão que falta ao seu irmão Macaulay Culkin como Wallace Wells, amigo gay de Scott e personagem mais engraçado do longa com suas piadas ácidas, sua tendência a fofoqueiro e seu jeito afetado de conquistador homossexual. Anna Kendrick (da saga Crepúsculo) vive a irmã de Scott, Stacey, de forma solta e hilariante. Chris Evans (o Tocha Humana de Quarteto Fantástico e o futuro Capitão América) e Brandon Routh (de Superman: O Retorno) fazem participações como dois dos Ex-Namorados do Mal, com destaque para Routh como o supracitado vegan. Por fim, temos ela… Mary Elizabeth Winstead (de Duro de Matar 4 e GringHouse – À Prova de Morte), gloriosamente linda como a reservada e exuberante Ramona Flowers.
Todos esses elementos reunidos dão vida a um dos filmes mais legais do ano, cujo sucesso ficou intrínseco na ovação prestada ao final da sessão no Festival do Rio.
Ficarei feliz em repetir a dose quando estrear no circuito principal.
Não há como discutir… Scott Pilgrim Contra o Mundo é fenomenal!
Moedinhas para Edgar Wright.
Vitória para Scott Pilgrim.
Continue? 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1…
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