Demorou mas eu consegui ver este filme.
Neguinho mimimizando que é notícia velha, que é coisa de indie e blábláblá em 5... 4... 3... 2...
Cara, sem medo da chateação que possa advir de alguns leitores deste blog por conta disso, mas Scott Pilgrim Contra o Mundo foi um dos gibis mais bacanas que eu li ano passado.
Porque tinha um ar de novidade, uma arte que ia ao encontro do exato estilo que eu me espelho (um algo entre o mangá e o cartum), um roteiro ágil e engraçado, uns diálogos muito bem construídos e um nonsense muito bacana. Enfim, li e reli algumas vezes, passei à minha namorada não-nerd e ela também gostou. Palmas ao canadense Bryan Lee O'Malley por isso.
Porque tinha um ar de novidade, uma arte que ia ao encontro do exato estilo que eu me espelho (um algo entre o mangá e o cartum), um roteiro ágil e engraçado, uns diálogos muito bem construídos e um nonsense muito bacana. Enfim, li e reli algumas vezes, passei à minha namorada não-nerd e ela também gostou. Palmas ao canadense Bryan Lee O'Malley por isso.
Claro que quando eu li o gibi, o filme já estava praticamente em pós-produção. E é claro que eu fiquei instigado com isso. Pombas, só o primeiro volume nacional dava um filme inteiro! Eu teria ficado nesse estado, meio apreensivo, se não fosse a consciência de que o diretor era o inglês Edgar Wright, responsável pelo fodaChumbo Grosso, e se o elenco não contasse com Michael Cera, que é simplesmente a cara do protagonista. As boas notícias permitiam que eu simplesmente comprasse umas rosquinhas cobertas de açúcar, sentasse na minha viatura e esperasse o lançamento nacional na película. Mas a vida, essa sim é uma caixinha de surpresas, como diriam os outros Melhores do Mundo...
E o filme nunca estreou em BHCity. Ou, se estreou, ficou em cartaz por apenas quinze minutos
Juro que esperei até a semana passada pra alugar o filme na locadora do Ultra e assisti-lo em casa. Eu queria ver no cinema. Juro. A versão oficial das coisas é sempre a minha favorita.
Enfim, xurumelas à parte, voltemos à resenha.
Scott Pilgrim é um jovem canadense de 23 anos, desempregado e que toca baixo numa banda totalmente garageira. Tomou um pé na bunda de uma garota há mais ou menos um ano, e agora está saindo com uma adolescente chinesa de 17 anos. A coisa vai bem (claro, "bem" tendo por parâmetro o american way of namoro para adolescentes de 17 anos que aparentemente também se aplica ao Canadá) até que ele se torna obcecado por uma garota que freqüenta seus sonhos e, de repente, a realidade. Ela é Ramona Flowers e eles acabam se envolvendo. Mas... Para que eles fiquem juntos é preciso que Scott vença, no braço, a Liga dos Sete Ex-Namorados do Mal de Ramona. Tudo isso em meio a um monte de personagens interessantes e muita referência nerd.
Sobre o filme, Edgar Wright condensou numa única película os seis volumes do gibi original. Desde a primeira visão de Ramona até Gideon, o último ex-namorado. E faz isso de uma maneira muito boa, mostrando que muita coisa no gibi era lero-lerodesnecessário. As referências diretas e explícitas ao formato original estão lá (e funcionam, diferente do Hulk de Ang Lee) e as referências aos jogos também. A cena em que Scott enfrenta os capangas de Gideon e eles se tornam silhuetas feitas de moedas no chão indica o cuidado do diretor em deixar muito evidente o link visual com as coisas que os pequenos nerds dos anos 80 e 90 curtiam.
Para quem conhece alguma coisa do material original, os cortes rápidos que Wright dá nas cenas pode gerar uma (falsa) impressão de que ele estava simplesmente compactando a trama - mas, olhando bem, a gente acaba percebendo que é esse o tom, a linguagem do filme, o principal momento em que uma obra solta a mão da outra e segue seu próprio rumo. E o rumo é a vitória!
Scott Pilgrim Contra o Mundo teve em mim exatamente o mesmo impacto que o primeiro volume do gibi, e obteve o mesmo resultado: aquela sensação de novidade, uma novidade divertida, bem amarrada e bem conduzida, ainda que sem grandes elaborações filosóficas.
Quer dizer, o Pablo Vilaça até encontrou um subtema, uma proposta metafórica sobre a necessidade de se tornar o "macho-alfa" de alguns (muitos) sujeitos por aí, mas eu não sei se esse era o objetivo do filme (e, por não ter terminado a série em HQ, também não posso dizer se é o tema central do gibi).
Ah, talvez eu deva falar, ainda que brevemente, do elenco. É fato que eu gosto muito do Michael Cera, mas é preciso admitir que o tipo nerd dele é um tantinho diferentedo Scott Pilgrim dos gibis - Cera é um tanto mais looser do que a sua inspiração de papel - mas nada que comprometa. Kieran Culkin, como o colega de quarto gay de Scott, Wallace Wells, detona ele é exatamente o personagem da HQ. No grupo feminino, Ellen Wong consegue fazer de sua Knives Chau uma garota imaturamente interessante, até sexy em sua ingenuidade. Já Mary Elizabeth Winstead, que fazRamona Flowers... Eu também ficaria obcecado! Ao mesmo tempo, seu ar de nada disso é comigo casa perfeitamente com a personagem, fazendo dela alguém irritante e alheia à tudo, e por isso mesmo alguém muito interessante.
Pra completar (porque eu não vou falar de todo mundo) temos os super-heróisBrandon Routh (de Superman o retorno) como o terceiro ex-namorado do mal, ovegan Todd Ingram (cuja luta Edgar Writh resolve com competência muito maior que Bryan O'Malley) e Chris Evans (o ex-Tocha Humana e agora Capitão América), que encarna Lucas Lee, o segundo ex-namorado. Bem, a Evans foi dado um personagem que no gibi é retratado como um canastrão, um ator de ação hollywoodiano dos mais rasos - papel que Evans representa (será?) muito bem. Agora, Routh... Ele deveria voltar para os teatrinhos da Escolinha Infantil da Tia Maria Cotinha. Caramba, as caras de mau dele são risíveis! Tava esperando a hora em que ele se viraria para o Thomas Jane (o Justiceiro, numa ponta pequenina) e diria: "Belém, belém, nunca mais tô de bem!"!
Enfim, Scott Pilgrim Contra o Mundo é um filme muito bacana. Para mim, tão bacana quanto foi assistir, por exemplo, Zumbilândia no início do ano passado. Diversão, diversão e diversão! Se isso é o que você está procurando... Então você veio ao lugar certo!
Scott Pilgrim Contra o Mundo. Dirigido por Edgar Wright. Com: Michael Cera, Mary Elizabeth Winstead, Alison Pill, Mark Webber, Johnny Simmons, Ellen Wong, Kieran Culkin, Anna Kendrick, Satya Bhabha, Chris Evans, Don McKellar, Brie Larson, Brandon Routh, Jason Schwartzman, Thomas Jane, Clifton Collins Jr.
Nota: 9
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