Por David-Malachy
Como numa jogada de mestre, o canadense Bryan Lee O'Malley inventou um personagem criado para o sucesso – mesclando o estilo mangá, que impressionantemente anda caindo em desuso nos dias de hoje, com as historietas de temática indie jogadas passadas em gibis, passando por fanzines e terminando em discos. Entretanto, no Brasil a série anda bambeando entre o “arrebentar a boca do balão” e “vou ficar no meu canto”. “Mas, o que aconteceu, um dos quadrinhos mais festejados da atualidade e praticamente ninguém liga?”, poderia dizer o sujeito com cara de peixe morto trajando Converse All Star e jeans surrado. A resposta certa é que muita gente liga. O problema é que a série não foi jogada de cabeça ao mainstream porque o resto da negada não entendera o esquema ou então não quisera participar, achou maçante e tudo mais, são coisas que acontecem. Mas, voltando ao título do texto, falaremos o que todos sabem agora:
Scott Pilgrim é um adulto jovem na faixa dos 20 e tantos anos, vagabundo, mora com seu amigo Wallace, ambos com personalidades distintas. Aliás, Wallace praticamente podia levar a vida de seu amigo, se quisesse. Scott é meio burrinho, fora isto toca em uma banda de indie rock. Certo dia, acaba se apaixonando por uma norte-americana chamada Ramona Flowers. Esta mesma Ramona – uma guria cheinha e gostosinha – , apesar de ser graciosa e do tipo que você dormiria juntinho, vem com uma bomba atrás da outra, 7 batatas quentes para seu próximo namorado segurar. E Scott demora para captar a mensagem, é claro. Tem bom coração, podia ser teu melhor amigo, mas é um burro que demora a desempacar. Movido a motorzinho, sabe? E o destino resolve botá-lo para acordar mandando ele segurar e dar conta destas 7 batatas quentes, os 7 ex-namorados do mal. Ui, que medo.
Deu para tirar ouro, incenso e mirra desta história. Scott Pilgrim deu sucesso a O'Malley e posteriormente o diretor Edgar Wright (de “Shaun of the dead”) pôs as mãos em um projeto para torná-lo em filme. Este mesmo filme – com o galã indie Michael Cera no papel principal – , após muita labuta por conta dos fãs, pousou no Brasil primeiramente no Festival do Rio 2010, sendo direcionado para o circuito normal ainda no mesmo ano. Ingressos esgotados, platéia cheia, tudo estava no esquema capitaneado pelo destino, porque, apesar da temática bobinha O'Malley merecia o sucesso. O filme baseado em sua série ainda ajudou a colocar a bela atriz Mary Elizabeth Winstead nos olhos de todos, etc e tal. Mas, este sucesso não anda do jeito que muita gente gostaria. Outros, puristas, não estão nem aí, querem que Scott Pilgrim fique entocado naquela roda de fãs e que não saia de lá, pois podia ser estragado e adorado por quem não merecesse. Normal. Scott é para todos? Sim? Não?
O fato é que muita água irá rolar até o lançamento do último volume no Brasil – pela Companhia das Letras. Como o destino tratará a relação Scottaço + sucesso no Brasil + fãs liberais + fãs puristas?
“Vai esquentando a mufa aí enquanto vou me divertindo pra cacete com as histórias!”
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